sexta-feira, 20 de maio de 2011

Crônica de um torcedor

Final do Campeonato Mineiro de 2011 entre Cruzeiro e Atlético-MG, em Sete Lagoas. Era uma tarde de domingo. A ansiedade levou a torcida celeste a ‘invadir’ a Arena do Jacaré. O nervosismo motivou até os torcedores que não conseguiram ingresso, que compareceram do lado de fora do estádio.

Marcelo é um cruzeirense apaixonado como milhões. Ele teve a audácia de sair de Belo Horizonte com a namorada e um amigo em direção a Arena do Jacaré. Detalhe: estavam sem o ingresso. A esperança de ver o Cruzeiro campeão sobre o maior rival estava nas mãos dos cambistas.

Procura de lá, procura de cá. Pronto. Uma entrada estava garantida e, como um bom cavalheiro, Marcelo deixou as damas entrarem na frente. Agora faltam mais dois ingressos. Na sorte, seu amigo comprou e foi ver o jogo.

Sem ter adquirido o ‘bilhete premiado’, Marcelo se deparou com seu amigo preso pela polícia. O motivo? Ingresso falso! Ele, então, o acompanhou como testemunha até a delegacia do estádio para fazer o boletim de ocorrência e por lá ficaram até o final do jogo.

Dentro da delegacia, que se encontra abaixo das cadeiras laterais, Marcelo sofreu. Sofreu porque estava dentro da Arena do Jacaré, porém não pôde ver o jogo que mais queria. Ouvir a vibração da torcida e não poder vibrar junto era ‘torturante’.

Por meio de uma janelinha da delegacia, ele viu a torcida, viu os jornalistas à beira do campo e sentiu a alegria do torcedor. Para o amigo detido, seu comportamento foi preocupante, pois estava com medo de sua aflição causar algum problema com o sargento. “Eu olhava pro meu conhecido e pro policial e falava: ‘cara eu to ficando doido aqui, bicho!”, disse Marcelo.

Na hora que o Cruzeiro fez o segundo gol, Marcelo viu a torcida rodando a camisa e cantando “leleleleleleleôôô, Cruzeiro eu sou”, cena que o deixou arrepiado e com olhos lacrimejantes de orgulho do Maior de Minas. Depois que passaram 90 minutos, tempo decorrido da partida, ele e seu amigo fizeram o boletim de ocorrência e foram liberados para a festa do título, mas fora do estádio!

“Eu tava crente que iam me liberar pra ver o segundo tempo lá dentro, mas nada de me liberar. Cara, você tinha que me ver dentro da delegacia com um tanto de bandido baderneiro comemorando o gol do Cruzeiro. E eu esticando o pescoço pra ver a torcida agitando depois do gol? É de chorar!”, completou Marcelo.

Momentos inusitados como esse são comuns e energizam a paixão entre o torcedor e seu time do coração. Marcelo, assim como outras pessoas que tiveram essas situações tragicômicas, sobreviveu para contar mais uma história que valoriza as experiências do ser humano e, sobretudo, enaltece a magia do futebol.

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